segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Globalização desportiva e mercado global -Cidadãos e cultura-


O termo desporto tem a sua origem etimológica no françês desport, uma derivação de deport, do verbo deporté «divertir; distrair». Mais tarde no século XIX verificou-se uma difusão do termo sport pelos ingleses, que contribuiu para a utilização do desporto na língua portuguesa e consequentemente, proliferou-se a pratica desportiva. Somos actualmente bombardeados para a prática do exercício físico, um negócio produtivo que envolve muitos milhões, desde aparelhos, suplementos e roupa desportiva, a cobro de um estilo de vida saudável.
Se precisamos de um organismo saudável, (talvez para não encher as urgências dos hospitais e colmatar as deficiências na saúde), certo é que precisamos de uma mente igualmente saudável. Os gregos e mais tarde os romanos, diziam que era necessário os cidadãos, (uma elite nesses tempos), possuírem um corpo são, numa mente sã. Hoje, o conceito de cidadania e cidadãos, felizmente evoluiu, é mais abrangente e integrativo, possibilitando a livre associação de pessoas com participação na construção da democracia.
Localmente, as colectividades representam um papel fundamental na conciliação entre desporto, cultura e naturalmente cidadania. Segundo o poeta António Aleixo, desporto e cultura podem ser verdadeiros irmãos, que podem originar verdadeiros cidadãos.
No meu último artigo falei que o desporto precisava de palco, não menos é verdade em relação à cultura e ao teatro em particular. Fiquei muito feliz por verificar que a Associação Recreativa Cultural e Desportiva da Silveira, acolheu um evento cultural cujo mote era o Poder da Palavra. Casa cheia, o que demonstra que existe apetência para a cultura. Jovens e idosos, crianças e adultos celebraram a cultura e a lusofonia, vivendo momentos que exaltaram os poetas portugueses. Um estilo alternativo e actual que ombreia com nomes como João Vilarett. Ali estiveram cidadãos que se distraíram e se divertiram, que também significa desporto. Se precisamos de apoiar o desporto, seria interessante fazê-lo com cultura.
Infelizmente, em alguns grandes eventos desportivos, o tal desporto-industria, ocorrem fenómenos de violência, talvez pela ausência de agenda cultural nos seus programas.
Precisamos de evoluir democraticamente. A cultura e o desporto possibilitam encontros que enaltecem a cidadania entre todos os actores e atletas do palco democrático, que somos todos nós. Evoluir passa sempre por alternativas.
Triste é verificar que poucos autarcas estão presentes em eventos culturais.

in Badaladas

Criado em 21 de Fevereiro de 2008

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