Feliciano da Vasa Ferreira
Este é um espaço onde colocarei reflexões, artigos que já escrevi acerca das minhas intervenções, nem sempre em ordem cronológica. Desde a espiritualidade à politica encontrarás comigo momentos para reflectir sobre vários assuntos. Vamos começar?
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Levantai-vos Nobre Povo!
terça-feira, 29 de maio de 2012
A oração de Jesus em aramaico
Uma introdução por Mark Hathaway
terça-feira, 20 de março de 2012
A crise não é monetária, é energética!
Perante o titulo imediatamente pensamos: temos de produzir mais energia. Contudo esse raciocinio está errado. Temos é de rentabilizar e diversificar a que temos. Estamos perante um dilema, fruto de péssimas estratégias, no passado.
A nossa produção é em geral 30% mais cara do que a média europeia. Para produzir o mesmo gastamos mais energia. Em vez de investirmos em reduzir o consumo de energia, procurando a eficiência energética, vamos pelo caminho mais fácil. Reducção dos salários, aumento dos impostos, atitude contraproducente, pois reduz o fluxo económico.
Importamos cerca de 80% do que consuminos, isto é, estamos perigosamente dependentes do exterior. Este assunto torna-se de extrema gravidade para a soberania portuguesa, um alerta para as várias instituições criadas para o efeito. Quando há vários meses atrás mencionei a necessidade de olharmos para a nossa plataforma maritima, obviamente, tinha dados sobre as reservas de gás e petróleo que Portugal possui (e dos contratos que estavam a ser feitos). Estamos quase “falidos”, numa situação de dependência, favorável às grandes corporações. O “caldo” ideal para a exploração a baixo custo dessas riquezas...Quem o diz é John Perkins, autor do livro “Confissões de um assassino económico”.
Noutro vector, existe uma dependência viral de grandes corporações portuguesas, face ao Estado. Creio que nenhuma delas sobreviveria em Silicon Valey, polo nos EUA de desenvolvimento e inovação, onde nem querem ouvir falar de Estado! Neste cantinho, é a população que normalmente alimenta essas instituições com o aval do Estado. E é o mesmo Estado sob a forma de poder local que vai reduzindo os candeiros acesos de noite, pois gastou o dinheiro em festas e caldo verde! Estratégia energética, (sim temos?), a produtiva, que custa mais aos bolsos dos contribuintes! E a estratégia da eficiência? Existe? NÃO!
Penso nem existir uma verdadeira estratégia nacional, livre de pressões, para a energia. Tinhamos a ganhar com a constituição, independente do Estado, de uma comissão de estudo, multidisciplinar, credenciada para a estratégia energética, constituida por elementos portugueses, dos PALOP, e da UE. Teria por objectivo apontar metas e estratégias futuras nesse enquadramento. Temos de criar redes de colaboração e troca de conhecimento. Existe um estudo do Green Peace que aponta a eficiência energética para a UE nos próximos anos, como essencial, para evitar a ruína da Europa.
Para terminar, é no mar e na consciência colectiva que poderá estar parte da solução da independência energética, baseada na diversificação. No mar, com uma fonte inesgotável de energia, que é o aproveitamento das ondas. Na consciência colectiva, através da consciencialização e formação para a eficiência energética.
No próximo artigo falarei da estratégia para a água potável.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Democracia semi-directa - O poder ao povo -
Começemos pela definição de democracia (Demo=Povo; Kratos=Poder). É um regime em que as decisões importantes pertencem aos cidadãos (Povo). O que vigora em Portugal é uma democracia representativa. O Povo expressa a sua vontade através de representantes que tomam decisões em seu nome. É neste ponto que começam os problemas. Durante quatro anos, são tomadas decisões que afectam muitos sobre matérias que o povo não se pronunciou. O pior é que este sistema é vulnerável a pressões de variada indole, sobretudo economicas (os tais mercados), e conduz subtilmente a situações de corrupção, que conduzem a mais e mais divida publica. Eu sei, estou a simplificar, o problema é mais complexo. Contudo, não deixa de ser verdade que actualmente são os mercados e a economia que controlam a democracia, isto é, o poder do povo. A politica há muito que deixou de trabalhar em prol do bem estar das populações. Faliram as convições. É como uma sopa que está a azedar. Alguém não a conservou devidamente e colocou-lhe ingredientes que a alteraram. Um desses ingredientes é o proprio sistema semi-presidencialista. Este paradigma retira margem de manobra à sociedade, que espera sempre que o Presidente se manifeste. É como um tampão que impede o fluxo de movimentos naturais de constestação e não só, oriundos do Povo. Por outro lado, já vimos que o sistema representativo, assente em partidos, perde vigor (de massa critica) ao se centrarem na obtenção do poder (de decisão). E como sabemos o poder corrompe os mais incautos. Todo este sistema é parecido ao cenário que peço ao leitor para imaginar:
O leitor pede que lhe pintem um retrato. Para isso elege alguns pintores (partidos) que o vão representar. O leitor senta-se e espera quatro anos para ver o resultado. Quando se levanta para ver a sua imagem... está todo destorcido. O leitor não é aquela imagem que os amáveis pintores lhe fizeram, aindo por cima pagou-lhes (financimanto dos partidos). Quem é que pagaria por um trabalho mal executado?
Agora imagine o mesmo cenário, mas desta vez elege os pintores e dá-lhes ordens especificas durante o tempo de pintura, saindo o leitor varias vezes do seu lugar para verificar o decorrer dos trabalhos. Acaso não goste dum traço, pede a outro pintor que substitua o primeiro. E voilá, uma imagem fidedigna de si mesmo, caro leitor. A isto, simplificadamente, chama-se democracia semi-direta.
Imagino a esta altura alguns leitores irritados, outros atónitos, outros a acusar-me de utopico. Em vez de andarmos em circulo, sem saber o que fazer depois de baixar as bandeiras das manifestações, acreditando que a sopa deixará de azedar, seria melhor pensar em formas de evoluir para este sistema politico. Utopia? Não! Esse sistema vigora na Suíça, (um país com indices de desenvolvimento superiores ao nosso) e é uma experiência de sucesso na Suécia. A solução futura parece-me que poderá passar por um sistema equilibrado, de democacia semi-directa, onde segundo Bonavides (2003, p. 275), limita a “alienação política da vontade popular”, onde “a soberania está com o povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence ao elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública”. Resta dizer que os meios para este sistema funcionar já existem, não são caros, são é talvez mais transparentes...Quiçá a resposta à actual crise europeia.
Seria bom limitarmos o discurso habitual de que existe falta de lideres na Europa. Este caldo favorece o aparecimento de ditadores a seguir às crises. A história demonstra-nos isso. Resta-me pensar que tal nunca acontecerá, mas devo afirmar que quanto mais o poder estiver no Povo, mais difícil será haver tiranos dictatoriais, pois as verdadeiras manisfestações e revoluções começam nas ideias do Povo! E o Povo preserverá sempre o bem estar colectivo, conciliando a prosperidade economica! A Suiça, onde existem muitos portugueses é prova disso.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
A Salvação do ciclismo
domingo, 17 de abril de 2011
A cidadania e as lideranças políticas
O conceito de cidadania está fortemente ligado à essência cristã, reflectida nos direitos/deveres da cidadania, na igualdade de todos os seres humanos perante Deus. A participação activa na tomada de decisões que dizem respeito a todos, vulgarmente chamadas de decisões politicas, são a pluralidade da vida comunitária que qualquer cristão deve encetar. Não são conceitos originais e exclusivos da esfera dos partidos políticos.
Para existir cidadania são necessárias algumas componentes:
-Liberdade pessoal sem condicionalismos. Importa realçar que as tomadas de decisão sem esclarecimentos de quem as toma (lideranças politicas) induzem negativamente na liberdade pessoal e colectiva da componente civil.
-Politica, garantindo acesso aos seus centros de decisão, no sentido de que somos por natureza seres políticos, que vivem em sociedade e tomam decisões colectivas.
-Social, que compreende o acesso a um nível médio de vida para todos com igualdade de oportunidades na educação, saúde, alojamento e salário justo.
Para garantir estas componentes, apenas a participação activa de todos os cidadãos pode ajudar a restabelecer o normal funcionamento, quando existem desequilíbrios, que hoje estamos a assistir.
É preciso contrariar a ideia de que existem soluções/decisões absolutas. Quanto menos pessoas se envolverem nas discussões actuais, menos representativas são as decisões que se tomam, e mais pobres e fracas são as lideranças. Parece-me que já assistimos a isto no nosso concelho…e no país, demasiadas vezes!
Dizemos que os políticos estão lá, nos lugares do poder, distantes, por direito democrático. Gostam de criar a ideia de que são lideres naturais…que se tornam pessoas especiais por mandato. Esse é um conceito errado. Nos meios políticos, motivados pela falta de participação e interesse activo dos cidadãos, encontram-se actualmente, demasiadas pessoas que se julgam lideres e não são, que se julgam iluminadas, e ambos começamos a descortinar os frutos que produzem.
O poder geralmente acomoda-se e corrompe os mais incautos, os que têm uma tendência para o absolutismo, para secar tudo à sua volta, para não lhes chamar ditadores. Outras vezes, bem intencionados, tomam decisões erradas, que nos penalizam a todos. Por isso, é preciso desconfiar dos que não esclarecem devidamente, quando as suas tomadas de decisões começam a surtir em advertências legais, atrasos em obras, pagamento de indemnizações, ou quando a justiça os sonda.
Geralmente pensamos que a nossa participação nas discussões públicas não conta e remetemo-nos à timidez. O resultado, é que outros vão julgar mal, por nós. Inverter esta tendência em nós mesmos, participando activamente, é ajudar a decidir melhor! É preciso despertar o interesse para uma nova participação politica alicerçada no exercício da cidadania! Contemos uns com os outros, participando mais!sexta-feira, 15 de abril de 2011
Um novo paradigma
Um novo paradigma
Escrevi em tempos neste jornal sobre cidadania e lideranças politicas num artigo onde tentei sensibilizar os leitores acerca do enquadramento da cidadania nos meios políticos.
O que não referi foi que alguns trechos do mesmo artigo foram inspirados nas palavras do Dr. Passos Coelho, em visita a uma escola, onde falou e incentivou os jovens à participação activa na sociedade.
Nessa altura não havia na comunicação social alguma menção ao Dr. Fernando Nobre, nem tão pouco à urgência de mais cidadania!
Tenho que admitir que Passos Coelho é um homem de gestos. Prefere os gestos às palavras vãs e sensacionalistas.
Quem o conhece e tem trabalhado com ele reconhece que é uma pessoa responsável e realista. Foi um trabalhador estudante que soube tirar o seu curso durante a semana!
Voltando ao discurso nessa escola, ele aconselhava os jovens que caso não se identificassem com alguma corrente politica, participassem nos movimentos associativos, “uma boa escola de cidadania”. Efectivamente importa recordar que o exercício do voto não é o único instrumento para os cidadãos fazerem valer as suas escolhas! A participação interventiva em associações locais e nos partidos políticos e demais instituições são uma forma muito eficaz de contribuir para a melhoria da nossa sociedade. Promover esta cultura de participação, responsabilização e consciencialização é um imperativo local e nacional. É um novo paradigma!
E neste turbilhão, tenho de admitir que se gastam demasiadas energias em lutar contra isto e aquilo. A mudança comportamental verdadeiramente eficaz ocorre no interior de cada um. Ocorre quando somos capazes de romper com os preconceitos e abrir portas de entendimento. Por alguma razão temos dois olhos e dois ouvidos. Sejamos capazes de ver para além do óbvio, procurar esclarecimentos. Sejamos capazes de intervir através ou da militância em partidos políticos, com vontades genuínas de colaborar para o bem comum, ou através de associações. A propósito dos partidos políticos. Ouço que são todos iguais, contudo vejo muitos poucos cidadãos a participar, a inscreverem-se, a fazerem-se ouvir nos locais certos. A tentarem mudar seja o que fôr. Porque será? Comodismo? Olhemos para o que aconteceu na Islândia onde aprenderemos a lição da cidadania. Saíram da sua zona de conforto e colocaram o país a crescer!
E já que estou em fase de apelos, sejamos pro alguma coisa. A favor de alguma causa. Concentremos as nossas energias em prol da verdade, da responsabilidade, da prosperidade, da solidariedade. Deixemos de vez de estar contra a guerra e estejamos em favor da Paz. Deixemos de estar contra o ódio e estejamos a favor do Amor. Deixemos de estar contra a doença e passemos a estar a favor da saúde! Deixemos de estar contra o desemprego e estejamos a favor do emprego. Deixemos de estar contra aquele politico e estejamos a favor do seu adversário. Deixemos de estar contra a corrupção e estejamos a favor da transparência. Deixemos de ser solitários e passemos a ser solidários!
Infelizmente verifico que todos nós somos muito contra alguma coisa. Mudemos de paradigma e estejamos a favor da prosperidade. É que naquilo em que empregamos mais energias, será naquilo que nos iremos tornar!
Se fizermos uma analise ao pulsar do colectivo nacional vemos que dispersamos energias e atenção em futilidades que têm sido objecto de criticas internacionais de outros povos que já descobriram o caminho! E o caminho é sempre dado com passos precisos e realistas! Por isso, é preciso desligar o piloto automático que nos conduziu a este estado. Tomemos os nossos próprios passos da cidadania. Ousemos vencer esta crise!