quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Levantai-vos Nobre Povo!


“Vêm até nós como cordeiros mas por dentro são lobos vorazes”
Eis o momento decisivo para o honrado e nobre povo se afirmar. É tempo de reagir, pacificamente, de forma a evitar que os violentos continuem a violar. Tomenos os nossos próprios passos da cidadania, escrevia eu à meses, percebendo o que ai vinha. Mas passemos aos actos. Como sugestão,  apelo a que as forças vivas de Portugal organizem uma marcha de todos os cantos do país até Lisboa. Marchámos por Timor, é hora de marchar por Portugal. Todas as marchas precisam de um objectivo, por isso, partilho este discurso que não é meu, mas no qual quase todo o ser humano se retrata, cheio de objectivos.
“Gostaria de ajudar a todos,... Todos nós queremos ajudar-nos uns aos outros, os seres humanos são assim. Todos nós queremos viver pela felicidade dos outros, não pela miséria alheia. Não queremos odiar e desprezar o outro. Neste mundo há espaço para todos e a terra é rica e pode prover para todos. O nosso modo de vida pode ser livre e belo. Mas nós estamos perdidos no caminho. A ganância envenenou a alma dos homens, e barricou o mundo com ódio; ela colocou-nos no caminho da miséria e do derramamento de sangue.
Nós desenvolvemos a velocidade, mas sentimo-nos enclausurados: As máquinas que produzem abundância têm-nos deixado na penúria.
O aumento dos nossos conhecimentos tornou-nos cépticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco: Mais do que máquinas, precisamos de humanidade;
Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
O avião e o rádio aproximaram-nos. A própria natureza destas invenções clama pela bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós...em todo o mundo, milhões de desesperados, homens, mulheres, crianças, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Para aqueles que me podem ouvir eu digo: "Não desesperem".
A desgraça que está agora sobre nós não é senão a passagem da ganância, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano: o ódio dos homens passará e os ditadores morrem e o poder que tiraram ao povo, irá retornar ao povo e enquanto os homens morrem [agora] a liberdade nunca perecerá…
Soldados: não se entreguem aos brutos, homens que vos desprezam e vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, vos dizem o que fazer, o que pensar e o que sentir, que vos corroem, digerem, tratam como gado, como carne para canhão.
Não se entreguem a esses homens artificiais, homens-máquina, com mentes e corações mecanizados. Vocês não são máquinas. Vocês não são gado. Vocês são Homens. Vocês têm o amor da humanidade nos vossos corações. Vocês não odeiam, apenas odeia quem não é amado. Apenas os não amados e não naturais. Soldados: não lutem pela escravidão, lutem pela liberdade.
No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito: "O reino de Deus está dentro do homem"
Não um homem, nem um grupo de homens, mas em todos os homens; em vocês, o povo.
Vós, o povo têm o poder, o poder de criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vós, o povo têm o poder de tornar a vida livre e bela, para fazer desta vida uma aventura maravilhosa. Então, em nome da democracia, vamos usar esse poder, vamos todos unir-nos. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que vai dar aos homens a oportunidade de trabalhar, que lhe dará o futuro, longevidade e segurança. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder, mas eles mentem. Eles não cumprem as suas promessas, eles nunca o farão. Os ditadores libertam-se, porém escravizam o povo. Agora vamos lutar para cumprir essa promessa. Lutemos agora para libertar o mundo!”

terça-feira, 29 de maio de 2012

A oração de Jesus em aramaico


Há muito que não escrevo sobre espiritualidade neste espaço. Irei nesta linhas tentar elucidar sobre algumas conclusões, fruto de algum estudo que tenho desenvolvido ao longo dos últimos anos. Sempre tive uma impressão de que algo estava mal, sobre o ponto de vista meramente histórico, acerca da história de Jesus o Nazareno. Desde muito cedo verifiquei incongruências nos evangelhos. Esse foi o ponto de partida para uma pesquisa sem fim. Todos os dias aparecem novos factos, sobre a figura histórica mais popular da história ocidental. 
Com base num texto de um pesquisador, transcrevo o artigo de Mark Hathaway. Antes disso, devo informar o leitor que a língua, cultura e o nome de Jesus (Yahushua-nome verdadeiro e lê-se: Iaorrúshua que quer dizer, Deus Salva) eram muito diferentes do que mais tarde veio a se transformar na religião oficial do Estado Romano. Quer queiramos quer não, existem factores de influência cultural e até religiosa dos povos gregos e romanos daqueles tempos que moldaram as traduções dos evangelhos canónicos. Devemos ter em mente que nessa altura existiam mais de 50 evangelhos que falavam de Jesus e da sua doutrina. Para compreender a mensagem de Yashushua, é preciso entender a sua língua, pois as línguas são fruto da cultura dos povos. Tal como as traduções dos evangelhos, que contêm factores que permitiam a aceitação da nova religião de Roma. Muitos desses factores nada têm a ver com costumes hebraicos. Basta verificar o nome de Yashushua para ver que sofreu transformações ao longo dos séculos. O nome é algo importante, basta ler algumas passagens do Bíblia. Se o leitor se chama José em Portugal também será chamado José nos EUA, em Pequim, ou noutro lugar do Mundo. Então porquê "traduzir" o nome? Talvez para haver melhor aceitação dos destinados...Mas isso será o próximo artigo. Já vimos que o problema das traduções retira muitas ideias associadas, especialmente no aramaico antigo. Hoje é considerada uma língua morta, contudo existem algumas localidades sírias isoladas que mantiveram a língua praticamente intacta, especialmente na tradição religiosa. Sagrada, por isso inviolável, sob pena de blasfémia. A língua e a tradição religiosa, destes lugarejos não sofreram a evangelização islâmica. Ainda hoje dizem o Pai Nosso tal como se pode ler a seguir.
  

Uma introdução por Mark Hathaway

"Este artigo foi adaptado de uma versão anterior publicado pela primeira vez em Scarboro da revista Missões. Para mais informações sobre a Oração do Senhor em aramaico, por favor, consulte o trabalho de Saadi Neil Douglas-Klotz em www.abwoon.com Você também pode ler  possíveis "variações" da oração em aramaico escrito por Mark Hathaway, com base em seus estudos com Saadi Neil Douglas-Klotz.
Para entrar noutra cultura é preciso tentar compreender a forma como as pessoas pensam e como elas vêem o mundo. Isso também significa abrir mão de algumas das nossas próprias maneiras estabelecidas de ver e de conceber.
Em grande medida, a cultura é corporificada na linguagem. Quando nós pensamos, nós normalmente enquadramos nossos pensamentos em palavras. Cada língua tem sua própria maneira de fazer isso que afeta a forma como vemos as coisas. Assim, aprender um novo idioma é em certo sentido, aprender uma nova maneira de perceber a realidade. Essa é uma razão que pode ser tão difícil e tão diferente de outras formas de aprendizagem.
O próprio Jesus viveu numa cultura muito diferente da nossa, e até certo ponto, se revela na linguagem que ele falava, o aramaico (às vezes também referida como sírio). É uma língua semítica estreitamente relacionado com o hebraico e o árabe. Ele ainda é falado hoje em algumas partes isoladas do Iraque e da Síria, embora esteja gradualmente desaparecendo. Ela também é usado como língua litúrgica em vários ritos orientais das Igrejas Católicas e Ortodoxas.
Em certo sentido, entrando na língua aramaica, é olhar através da lente que o próprio Jesus usou para perceber a realidade. Como a língua dos povos que cultivavam as terras, emprega imagens perto da terra e todas as coisas que crescem. É também um idioma permitindo múltiplas possibilidades de estar presente, ao mesmo tempo .. Por estas razões, alguns têm observado que é muito mais próximo das línguas dos povos indígenas do que para aqueles de culturas ocidentais modernas. Na verdade, pode nos ajudar a entender Jesus e pensar nele como uma pessoa nativa do Oriente Médio.
Infelizmente, a maioria de nós (eu incluído) não falam o aramaico, provavelmente, nunca sequer ouviu falar. Algumas palavras de que não aparecem em nossas traduções do Novo Testamento (por exemplo,Talitha Kum em Marcos 5:41 e atha maran em 1 Coríntios. 16:22). Mais importante, porém, os textos em aramaico das palavras de Jesus foram preservados pelas igrejas orientais. Embora os estudiosos das escrituras geralmente sustentam que o Novo Testamento foi escrito primeiro em grego, há boas razões para acreditar que o texto em aramaico (conhecido como Peshitta) pode refletir com mais precisão as palavras que o próprio Jesus falou. Isto é especialmente verdadeiro no caso da oração que chamamos de "Pai Nosso", que foi, sem dúvida,   mantida por cristãos de língua aramaica, em uma base regular e cuidadosamente preservada na tradição oral até o momento o texto escrito surgiu...
A oração que o próprio Jesus nos ensinou é o cerne de nossa espiritualidade. Ao refletir sobre o texto em aramaico, muitos significados possíveis vêm à luz. A tradução comum que usamos é limitada simplesmente porque é apenas uma das muitas possibilidades. Em aramaico, cada palavra pode evocar uma família inteira de imagens e nuances. As reflexões a seguir em cada phraseof a oração, então, meditar sobre algumas das dimensões mais sutis presentes em aramaico.
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Abwoon d'bwashmaya ("Pai nosso que estais no céu") provoca a imagem da criação, de dar à luz o universo. Abwoon pode realmente ser traduzido como "pai", mas pode igualmente ser processado como a palavra para os pais (em ou um sentido físico ou espiritual). A outro nível, apresenta a imagem do sopro divino (espírito) que flui para fora da unidade, criando toda a diversidade de formas. D'bwashmaya evoca as imagens de luz, som e vibração se espalhando e que permeia todos. Em essência, então, o "céu" é concebida não tanto como um lugar como uma dimensão da realidade que está presente em todos os lugares.
Algumas possíveis interpretações desta frase em sua totalidade seriam: "O Fonte da Radiacão, dançando e sobre tudo-que-é" ou "A respiração criativa, fluindo e fluindo através de todas as formas." Novamente, estes são apenas exemplos das muitas possibilidades que existem simultaneamente no texto original (que inclui também a tradução que normalmente orar). Ainda assim, eles nos desafiam a ser aberto a novas maneiras de conceber a Deus e ao céu.

Nethqadash shmakh ("Santificado seja o teu nome") apresenta a imagem de alguém se abaixar para limpar um espaço onde o sagrado pode habitar. Shmakh é derivada da mesma raiz da palavra aramaica para o céu, o que significa o nome e a manifestação concreta de energia criativa. A frase em sua totalidade poderia ser: "Suavizar o fundamento de nosso ser, e permitir um espaço para o plantio de sua presença" ou "Liberta-nos de todas as constrições, de modo a que a corrente da sua vida pode mudar em nós, sem obstáculo." Somos convidados aqui para deixar tudo, e permitir entrada de Deus nas nossas vidas, para varrer limpar a câmara do nosso coração. (aqui está presente a ideia de receptáculo, de vaso, de mãos em concha, de aceitação). Compensação simbólica de Jesus do templo ressoa fortemente com esta imagem. Até que ponto é que temos um mercado em nossos próprios seres? O que enche o espaço onde Deus quer habitar em nós?

Abrindo espaço para o sagrado nos prepara para a próxima etapa: Teytey malkuthakh . ("Venha o teu reino") Malkuthakh é uma palavra muito rica, e central para a mensagem de Jesus. Enquanto, normalmente traduzido como "reino", suas raízes são realmente feminina (assim "queendom" poderia ser mais preciso!). Ela transmite a idéia de princípios orientadores, de que nos capacita a avançar no rosto de todas as dificuldades, e de um potencial criativo pronto para ser realizado. Para mim, ela evoca a imagem da lâmina frágil de grama que lentamente se rompe o mais difícil de concreto. Teytey implica uma certa urgência na vinda, ou uma visão à espera de ser cumprida. A imagem é a de uma câmara nupcial, um lugar de novos começos. A frase poderia ser processado, então, como "Enche-nos com a tua criatividade, para que possamos estar habilitados a produzir o fruto de sua visão" ou "Em nossas profundezas, semear a sua semente com a seu-poder gerador, para que possamos ser parteiras para o teu Reino ". Esta parte da oração nos convida a caminhar pela vida com uma dignidade real, pronto para enfrentar as dificuldades com criatividade e esperança.

Nehwey tzevyanach aykanna d'bwashmaya aph b'arha ("Tua vontade seja feita na terra como no céu") pode ser considerado o coração da oração de Jesus. A "vontade" aqui referido denota um profundo desejo causando todo o nosso ser em direção a um objetivo com a certeza de que o esforço vai dar frutos. Em certo sentido, é viver como se a visão de Deus já eram uma realidade. "Terra" ( arha ) carrega um forte sentimento de solidez e apoio, é algo que está totalmente materializado. Aqui, então, oramos para que o sentido de "eu posso", expresso na linha acima ser colocado plenamente em ação. A frase em sua totalidade poderia ser: "Que cada uma de nossas acções esteja de acordo com seu desejo." ou "Mover-se para o batimento cardíaco do seu propósito, fazei-nos a personificação da sua compaixão." Em essência, nós oramos para que tudo o que fazemos, seja e é um ato de co-criação com Deus.

Hawvlan lachma d'sunqanan yaomana ("Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia") pede, não só de pão no sentido físico, mas também por tudo o que precisamos realmente prosperar. Em aramaico, a palavra "pão" ( lachma ) está diretamente relacionada com a palavra "sabedoria" ( Hochma ). Pedimos que lhe seja dado, mas também que ser trazido à luz das profundezas de nosso próprio eu. Em suma, rezamos: "dotar-nos com a sabedoria de produzir e compartilhar o que cada um precisa ser, crescendo e florescendo" ou "Com paixão e alma, vamos gerar a partir de dentro o que é necessário para sustentar a vida neste dia."

Washboqlan khaubayn (wakhtahayn) aykanna daph khnan shbwoqan l'khayyabayn ("E perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aqueles que estão em débito conosco") transmite a idéia de desatar os nós de erros do passado. Perdoar é fazer as coisas voltarem ao seu estado de liberdade original. Isso é algo bem descrito no Antigo Testamento em termos do ano do Jubileu, onde tudo é devolvida aos seus proprietários originais. Nós somos chamados nesta linha de abandonar tudo o que nos impede de a realização do desejo de Deus: as nossas falhas, nosso desespero, nossas frustrações. Uma boa tradução poderia ser: "Soltem os fios emaranhados do destino que nos unem, como liberar os outros a partir do entrelaçamento de erros do passado" ou mesmo "Esvaziar-nos de esperanças e desejos frustrados, como restaurar outros para uma renovação da visão." Certamente, essa parte da oração nos chama, assim como para perdoar dívidas no sentido econômico. Como missionário, porém, eu particularmente gosto da idéia de deixar ir de frustrações e restaurar um sentido de visão. Em um mundo onde a mudança às vezes parece impossível, somos desafiados constantemente a renovar nossa esperança e para animar aqueles que caíram em desespero.

Na linha Wela tahlan l'nesyuna, ELA patzan min Bisha ("E não nos coloquem à prova, mas livrai-nos do mal"), pedimos que não nos deixarmos distrair do verdadeiro propósito de nossas vidas por que que é essencialmente trivial; pedimos que não sejamos seduzidos pela superficialidade e materialismo.
Em aramaico, "mal" ( Bisha ) é concebida em termos de uma ação que é verde, de uma fruta que esteja imatura (verde) ou podre (algo que não se aproveita, que prejudica a saúde). Isso nos chama a ser sensível ao momento em mão, para realizar a ação correta no momento certo. Por isso, rezamos: "Mas não vamos ser cativo para a incerteza, nem se apegam a perseguições infrutíferas" ou "Não nos deixe ser seduzido por aquela que nos desviem do nosso verdadeiro propósito, mas iluminar as oportunidades do momento presente."

Os finais de linha recapitula toda a oração: Metol dilakhie malkutha wahayla wateshbukhta l'Ahlam Almin, ameyn ("Porque o reino, o poder e a glória são suas, agora e para sempre, amém.") A palavra traduzida como "poder" ( hayla ) é a energia que dá e sustenta toda a vida. "Glória" ( teshbukhta ) evoca a imagem das coisas voltaram a um estado de harmonia e equilíbrio. A frase poderia ser traduzida como: "Porque você é o fundamento da visão fecunda, o nascimento de energia, e o cumprimento, como todos se reuniram e fizeram todo mais uma vez."

Meditando sobre a versão em aramaico da oração de Jesus pode ser muito desafiador, precisamente porque nos chama a re-examinar e repensar nossa espiritualidade. As imagens evocadas nos chamam para uma vida muito terra a terra de oração. Elas também nos tocam em um nível profundo, estimulando-nos a viver de forma mais simples, mais autêntica e mais justa. No entanto, a oração também reconhece que a conversão é um processo contínuo, algo que deve ser celebrado numa base diária. 
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Mark Hathaway é um autor, web designer, e "ecologista" freelance, estuda as inter-relações entre ecologia, economia, espiritualidade.
Aqueles interessados ​​em aprender mais sobre a versão aramaica de ditos de Jesus deve ler Orações do Cosmos por Neil Douglas-Klotz (Harper and Row, 1990)."

Poderei afirmar que é uma oração de evocação do poder divino. Do poder criativo e justo, que são expressões de Deus (YHWH e lê-se Iaorrué). O nome do Pai está contido no nome do Fillho. 

Modificar toda a entoação e vibração do seu nome, é um erro. Sabemos que o som produz vibrações diferentes. O som aliado à emoção mais ainda. Ao ponto de deixar diferentes cristalizações na água...(já foram feitas experiências nesse sentido) Conclui-se que a água  contém memória...Estão a ver agora a importância e conexão do baptismo e remissão dos pecados pela água! E o Homem é 70 a 80% água. Todos os seres vivos precisam de água! Sem água não existe vida! O som, cujo efeito é a vibração, é por isso gerador de modificação no ambiente aquático (celular). O som humano, e entoação e propósito que damos às palavras, são decisivos como Yahushua transmite ao dizer, o que torna impuro o Homem é o que sai da sua boca. Ora se não estamos na maioria das vezes a chama-lo pelo seu nome...acham que ele responde?

Shalom

terça-feira, 20 de março de 2012

A crise não é monetária, é energética!


Perante o titulo imediatamente pensamos: temos de produzir mais energia. Contudo esse raciocinio está errado. Temos é de rentabilizar e diversificar a que temos. Estamos perante um dilema, fruto de péssimas estratégias, no passado.

A nossa produção é em geral 30% mais cara do que a média europeia. Para produzir o mesmo gastamos mais energia. Em vez de investirmos em reduzir o consumo de energia, procurando a eficiência energética, vamos pelo caminho mais fácil. Reducção dos salários, aumento dos impostos, atitude contraproducente, pois reduz o fluxo económico.

Importamos cerca de 80% do que consuminos, isto é, estamos perigosamente dependentes do exterior. Este assunto torna-se de extrema gravidade para a soberania portuguesa, um alerta para as várias instituições criadas para o efeito. Quando há vários meses atrás mencionei a necessidade de olharmos para a nossa plataforma maritima, obviamente, tinha dados sobre as reservas de gás e petróleo que Portugal possui (e dos contratos que estavam a ser feitos). Estamos quase “falidos”, numa situação de dependência, favorável às grandes corporações. O “caldo” ideal para a exploração a baixo custo dessas riquezas...Quem o diz é John Perkins, autor do livro “Confissões de um assassino económico”.

Noutro vector, existe uma dependência viral de grandes corporações portuguesas, face ao Estado. Creio que nenhuma delas sobreviveria em Silicon Valey, polo nos EUA de desenvolvimento e inovação, onde nem querem ouvir falar de Estado! Neste cantinho, é a população que normalmente alimenta essas instituições com o aval do Estado. E é o mesmo Estado sob a forma de poder local que vai reduzindo os candeiros acesos de noite, pois gastou o dinheiro em festas e caldo verde! Estratégia energética, (sim temos?), a produtiva, que custa mais aos bolsos dos contribuintes! E a estratégia da eficiência? Existe? NÃO!

Penso nem existir uma verdadeira estratégia nacional, livre de pressões, para a energia. Tinhamos a ganhar com a constituição, independente do Estado, de uma comissão de estudo, multidisciplinar, credenciada para a estratégia energética, constituida por elementos portugueses, dos PALOP, e da UE. Teria por objectivo apontar metas e estratégias futuras nesse enquadramento. Temos de criar redes de colaboração e troca de conhecimento. Existe um estudo do Green Peace que aponta a eficiência energética para a UE nos próximos anos, como essencial, para evitar a ruína da Europa.

Para terminar, é no mar e na consciência colectiva que poderá estar parte da solução da independência energética, baseada na diversificação. No mar, com uma fonte inesgotável de energia, que é o aproveitamento das ondas. Na consciência colectiva, através da consciencialização e formação para a eficiência energética.

No próximo artigo falarei da estratégia para a água potável.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Democracia semi-directa - O poder ao povo -

Confesso que hesitei se devia avançar com a publicação deste artigo. Suscitará leituras menos compreensivas. Escudo-me nos homens e mulheres realmente bons, que praticam a tolerância e cultivam ideias uteis.
Começemos pela definição de democracia (Demo=Povo; Kratos=Poder). É um regime em que as decisões importantes pertencem aos cidadãos (Povo). O que vigora em Portugal é uma democracia representativa. O Povo expressa a sua vontade através de representantes que tomam decisões em seu nome. É neste ponto que começam os problemas. Durante quatro anos, são tomadas decisões que afectam muitos sobre matérias que o povo não se pronunciou. O pior é que este sistema é vulnerável a pressões de variada indole, sobretudo economicas (os tais mercados), e conduz subtilmente a situações de corrupção, que conduzem a mais e mais divida publica. Eu sei, estou a simplificar, o problema é mais complexo. Contudo, não deixa de ser verdade que actualmente são os mercados e a economia que controlam a democracia, isto é, o poder do povo. A politica há muito que deixou de trabalhar em prol do bem estar das populações. Faliram as convições. É como uma sopa que está a azedar. Alguém não a conservou devidamente e colocou-lhe ingredientes que a alteraram. Um desses ingredientes é o proprio sistema semi-presidencialista. Este paradigma retira margem de manobra à sociedade, que espera sempre que o Presidente se manifeste. É como um tampão que impede o fluxo de movimentos naturais de constestação e não só, oriundos do Povo. Por outro lado, já vimos que o sistema representativo, assente em partidos, perde vigor (de massa critica) ao se centrarem na obtenção do poder (de decisão). E como sabemos o poder corrompe os mais incautos. Todo este sistema é parecido ao cenário que peço ao leitor para imaginar:
O leitor pede que lhe pintem um retrato. Para isso elege alguns pintores (partidos) que o vão representar. O leitor senta-se e espera quatro anos para ver o resultado. Quando se levanta para ver a sua imagem... está todo destorcido. O leitor não é aquela imagem que os amáveis pintores lhe fizeram, aindo por cima pagou-lhes (financimanto dos partidos). Quem é que pagaria por um trabalho mal executado?
Agora imagine o mesmo cenário, mas desta vez elege os pintores e dá-lhes ordens especificas durante o tempo de pintura, saindo o leitor varias vezes do seu lugar para verificar o decorrer dos trabalhos. Acaso não goste dum traço, pede a outro pintor que substitua o primeiro. E voilá, uma imagem fidedigna de si mesmo, caro leitor. A isto, simplificadamente, chama-se democracia semi-direta.
Imagino a esta altura alguns leitores irritados, outros atónitos, outros a acusar-me de utopico. Em vez de andarmos em circulo, sem saber o que fazer depois de baixar as bandeiras das manifestações, acreditando que a sopa deixará de azedar, seria melhor pensar em formas de evoluir para este sistema politico. Utopia? Não! Esse sistema vigora na Suíça, (um país com indices de desenvolvimento superiores ao nosso) e é uma experiência de sucesso na Suécia. A solução futura parece-me que poderá passar por um sistema equilibrado, de democacia semi-directa, onde segundo Bonavides (2003, p. 275), limita a “alienação política da vontade popular”, onde “a soberania está com o povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence ao elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública”. Resta dizer que os meios para este sistema funcionar já existem, não são caros, são é talvez mais transparentes...Quiçá a resposta à actual crise europeia.
Seria bom limitarmos o discurso habitual de que existe falta de lideres na Europa. Este caldo favorece o aparecimento de ditadores a seguir às crises. A história demonstra-nos isso. Resta-me pensar que tal nunca acontecerá, mas devo afirmar que quanto mais o poder estiver no Povo, mais difícil será haver tiranos dictatoriais, pois as verdadeiras manisfestações e revoluções começam nas ideias do Povo! E o Povo preserverá sempre o bem estar colectivo, conciliando a prosperidade economica! A Suiça, onde existem muitos portugueses é prova disso.