terça-feira, 20 de março de 2012

A crise não é monetária, é energética!


Perante o titulo imediatamente pensamos: temos de produzir mais energia. Contudo esse raciocinio está errado. Temos é de rentabilizar e diversificar a que temos. Estamos perante um dilema, fruto de péssimas estratégias, no passado.

A nossa produção é em geral 30% mais cara do que a média europeia. Para produzir o mesmo gastamos mais energia. Em vez de investirmos em reduzir o consumo de energia, procurando a eficiência energética, vamos pelo caminho mais fácil. Reducção dos salários, aumento dos impostos, atitude contraproducente, pois reduz o fluxo económico.

Importamos cerca de 80% do que consuminos, isto é, estamos perigosamente dependentes do exterior. Este assunto torna-se de extrema gravidade para a soberania portuguesa, um alerta para as várias instituições criadas para o efeito. Quando há vários meses atrás mencionei a necessidade de olharmos para a nossa plataforma maritima, obviamente, tinha dados sobre as reservas de gás e petróleo que Portugal possui (e dos contratos que estavam a ser feitos). Estamos quase “falidos”, numa situação de dependência, favorável às grandes corporações. O “caldo” ideal para a exploração a baixo custo dessas riquezas...Quem o diz é John Perkins, autor do livro “Confissões de um assassino económico”.

Noutro vector, existe uma dependência viral de grandes corporações portuguesas, face ao Estado. Creio que nenhuma delas sobreviveria em Silicon Valey, polo nos EUA de desenvolvimento e inovação, onde nem querem ouvir falar de Estado! Neste cantinho, é a população que normalmente alimenta essas instituições com o aval do Estado. E é o mesmo Estado sob a forma de poder local que vai reduzindo os candeiros acesos de noite, pois gastou o dinheiro em festas e caldo verde! Estratégia energética, (sim temos?), a produtiva, que custa mais aos bolsos dos contribuintes! E a estratégia da eficiência? Existe? NÃO!

Penso nem existir uma verdadeira estratégia nacional, livre de pressões, para a energia. Tinhamos a ganhar com a constituição, independente do Estado, de uma comissão de estudo, multidisciplinar, credenciada para a estratégia energética, constituida por elementos portugueses, dos PALOP, e da UE. Teria por objectivo apontar metas e estratégias futuras nesse enquadramento. Temos de criar redes de colaboração e troca de conhecimento. Existe um estudo do Green Peace que aponta a eficiência energética para a UE nos próximos anos, como essencial, para evitar a ruína da Europa.

Para terminar, é no mar e na consciência colectiva que poderá estar parte da solução da independência energética, baseada na diversificação. No mar, com uma fonte inesgotável de energia, que é o aproveitamento das ondas. Na consciência colectiva, através da consciencialização e formação para a eficiência energética.

No próximo artigo falarei da estratégia para a água potável.