quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

“Deixai vir a mim as crianças" (Lc.18,16)


Na sociedade actual, as crianças possuem inúmeras distracções e brinquedos. A tecnologia faz parte do seu quotidiano e complementa o seu desenvolvimento. Existem até excelentes ferramentas educativas que fazem uso das novas tecnologias. Todavia, ouço inúmeras queixas de educadores sobre o comportamento que as crianças apresentam. Quase todos referem que ficam com a noção de que os espaços educativos se tornaram em depósitos de crianças.

Um dos pilares da sociedade é a família. É no seio da família que se desenvolvem, (nalguns casos deveriam desenvolver-se), aspectos emocionais muitos importantes da personalidade que fomentam futuras competências. Contudo, a missão da família não deve acabar no momento em que as crianças entram na escola e noutros estabelecimentos (ATl’s, Jardins de Infância, Escola). As famílias podem ser um grupo de pessoas com a mesma consanguinidade e serem uma verdadeira equipa. Numa equipa existem factores e dinâmicas em que os indivíduos se valorizam e juntos superam-se. O sentimento de pertença, honestidade, participação e qualidade dos relacionamentos (cumplicidade e comunicabilidade), são segundo Leo Tolstoy, as características comuns existentes em todas as famílias felizes e equipas produtivas. Assim, uma equipa é um grupo de pessoas que trabalham em conjunto para atingirem um objectivo comum. Acresce a consanguinidade nas famílias, mas não é o factor mais importante.

Existe também um sentimento cada vez mais negligenciado na actual sociedade dominada pelo fascínio económico, da agressividade, do sangue, da violência, do pessimismo, do derrotismo e recentemente do terror, que existe em alguns ambientes familiares.

Falo da falta de Amor, do toque físico, da confiança, do respeito de pais para filhos e de filhos para pais, dos mais velhos para com os mais novos e dos mais novos para com os mais velhos. Falta coragem para o afecto!

Todos os pais querem o melhor para os seus filhos. O papel que a família representa, digo família porque são todos os agentes que as constituem que importam e não só os pais que contam, são determinantes para que existam cada vez mais cidadãos conscientes e interventivos.

O papel do Estado e da sociedade é garantir condições para que os pressupostos educativos na família, se consolidem e prosperem, acompanhando o desenvolvimento dos indivíduos até atingirem a fase adulta. Acompanhar, entenda-se com meios, porque jamais o Estado ou uma instituição poderá proporcionar Amor (com todos as inter-relações e dinâmicas que ele possui). Apenas uma família o consegue.

Negligenciar, atropelando direitos fundamentais das crianças, inclusive por omissão do Estado, sociedade e das famílias, é talvez uma das faltas mais reprováveis da sociedade! Se de boas intenções está o inferno cheio, mais ainda estará de omissões. Parece-me que muitas das vezes ou não vemos, não queremos ver, ou deixámo-nos manipular por influências egoístas e redutoras da nossa amplitude ponderativa.

Só quando ouvirmos bem alto em uníssono o sorriso silencioso de todas as crianças do mundo, poderemos cantar vitória e dizermos que finalmente somos civilizados! Comecemos então pelo nosso primeiro mundo, a família! Como?

Com algo tão simples e avançado, que a tecnologia não reproduz. O Amor!


in Badaladas


Criado em 4 de Março de 2008

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